O poeta vive aos pedacinhos, e cada pedaço dele que se desprende, é um Eu
que vai se despedindo.
E nessas despedidas sem volta vai se deixando , se
misturando ao pó da estrada sem fim, se perdendo nas letras da melodia.
Poeta sangra em silêncio , vive em silêncio, ama em
silêncio.
E nas suas inquietações questiona-se, busca em Deus
respostas para perguntas que seu próprio silêncio formula.
O poeta canta o amor, quando muitas vezes não o tem e
ama, desesperadamente essa busca inconsequente , esse suar as mãos, o marejar
dos olhos.
O poeta as vezes mente, e tão convincentemente que ele
mesmo se confunde, se ilude , com a dor que por vezes sente , sem saber ou sem
sentir que doando-se , morre aos poucos e lentamente.
Mas a cada manhã, cada raio de sol que lhe transpassa a
alma se refaz e se fortalece.
Guerreiro da luz e do sonho vive a intensidade de
um dia na certeza das sombras da noite em que ele, poeta triste apenas escreve,
transborda a alma em poemas.
Fragmentos de sua alma que se esvazia. Assim,
feito Fênix se recompõe o sorriso talhado com as lágrimas e os versos, alma de
Poeta.
E o tempo, algoz companheiro dos silêncios eternizados vai lhe construindo os castelos e os sonhos, dando-lhe miragens ,emprestando formas e sons . E nessa simbiose angelica vai o poeta profanando o silêncio que antes agoniza sua alma.